Quando o chocolate artesanal Quetzal chegou ao mercado em 2016, o seu criador, Roberto Maciel, já pensava em ampliar a pequena fábrica do bairro carioca de Bonsucesso, na Zona Norte da cidade, com a criação de novas marcas que mantivessem o processo artesanal na busca por um chocolate de qualidade superior, sem a adição de leite, também conhecido como chocolate gourmet ou premium.
Agora, a ideia ganha corpo, sabor, qualidade e ainda mais conceito de responsabilidade social e ambiental com o chocolate Maré. Ainda produzido no Rio de Janeiro, a base de sua composição é o cacau produzido no Sul da Bahia, com certificação orgânica e selo de Indicação de Procedência - IP. “Percebemos um salto de qualidade na matéria prima recebida”, constata Roberto, ao afirmar que o Maré é o primeiro chocolate fora da Bahia a usar este cacau.
Para a gerente de qualidade do Centro de Inovação do Cacau (CIC), Adriana Reis, o consumidor está cada vez exigente em relação à qualidade e à origem do que consome. "A IP Sul da Bahia vai ganhando maturidade e atraindo empresas de fora da Bahia que estão focadas em garantir a rastreabilidade e a qualidade dos seus chocolates para o consumidor final”, completa.
A origem do cacau do Maré
O registro de Indicação Geográfica IP Sul da Bahia, concedido em 2018 pelo INPI, vem melhorando a relação dos cacauicultores daquela região com o mercado cada vez mais exigente. O valor agregado está nas tradições do lugar e no modo de produção cabruca, que preserva o meio ambiente ao manter a mata Atlântica intacta.
O cacau adquirido pela Maré Chocolate é do Assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga, no Território de Identidade Baixo Sul da Bahia. O assentamento recebe o apoio do Projeto Alianças Produtivas da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Governo da Bahia, que promove o escoamento da produção das 40 famílias assentadas através de incentivo à relação entre cooperativas, associações e o setor privado.
Com 406 hectares, o Assentamento Dois Riachões faz parte do Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA) e da Cooperativa de Pequenos Produtores de Cacau, Mandioca e Banana do Centro Sul da Região Cacaueira (Coopercentrosul). É a primeira área da Bahia com Certificação Orgânica Participativa pela Rede de Agroecologia Povos da Mata e possui também a Certificação Socioambiental Internacional ECOCERT.
Contudo, além do selo de IP, Dois Riachões também é certificada pelo Slow Food, instituição que incentiva o consumo de alimentos saudáveis, sustentáveis e que preservam as tradições locais. Toda procedência das amêndoas comercializadas fica armazenada em dados acessíveis através de QR Code de rastreamento no produto.
"A IG Sul da Bahia tem como Visão transformar a região em referência em cacau de qualidade superior, com muita transparência, inovação e respeito às tradições, demonstrando para o consumidor final todos os benefícios de se consumir um produto com procedência garantida, saudável, ambientalmente correto e socialmente justo”, afirma Cristiano Sant`Anna, diretor executivo da IP Sul da Bahia.
Do cacau ao premium
A garantia de origem e procedência do cacau do Sul da Bahia potencializa a qualidade do chocolate produzido pela Maré. “Só compramos cacau proveniente da agricultura familiar. O nosso objetivo é produzir muito mais do que um doce. É um alimento que te leva para mais próximo da origem, sabores e essência do cacau”, explica Roberto.
O Maré chega ao mercado com seis tipos de chocolates, apresentados em tabletes de 80 gramas.
O 65% cacau tem como diferencial a utilização do sal rosa do Himalaia e é adoçado com açúcar demerara. Já o 72% é adoçado com maçã. Há também uma edição especial do 72%, o Le Manjue, assinado pelo chef Renato Caleffi, do restaurante paulistano Le Manjue, “pioneiro no Brasil em gastronomia funcional e orgânica”. Também adoçado com maçã, leva sementes de cumaru, vindas da Amazônia. O 81% é adoçado com açúcar de coco. Finalmente, o 100% cacau não leva nenhum tipo de açúcar, só amêndoas de cacau e manteiga de cacau.
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