A IP Sul da Bahia já comercializou cerca de R$ 2 mi em amêndoas de cacau, um total de 87 toneladas do produto com alto valor agregado.
A amêndoa de cacau especial da Indicação de Procedência (IP) Sul da Bahia tem provado ao mercado, nesses últimos 18 meses, que o cliente mais exigente está disposto a pagar um preço maior por um produto de alta qualidade e com garantia de sua origem e dos aspectos peculiares ligados à sua produção ou extração.
O resultado dessas características é o valor agregado do cacau de qualidade inspecionado pela Associação Cacau Sul Bahia (ACSB), responsável pelo registro da Indicação Geográfica (IG) IP Sul da Bahia. Esse valor agregado tem se mantido, em média, em 50% do preço de venda da commodity no mercado.
Enquanto o quilo do produto convencional (commodity) custa em torno de R$ 17, os produtores ligados à IP Sul da Bahia têm obtido valores de venda entre R$ 23 e R$ 30 por quilo da amêndoa de cacau especial. “Isso significa um ganho de aproximadamente 600 mil reais de valor agregado a esse cacau, acima do valor que seria comercializado no mercado convencional”, afirma Adriana Reis, Gerente de Qualidade do Centro de Inovação do Cacau - CIC.
Em 18 meses, os produtores ligados à IP Sul da Bahia comercializaram 87 toneladas de cacau com certificação de origem, o que teria movimentado, segundo estimativa do CIC, R$ 2 mi em valor bruto, resultado de negociações diretas entre produtores e compradores.
Atestando a qualidade e garantindo o valor agregado
A amêndoa de cacau da IP Sul da Bahia é rastreada em todas as suas etapas de produção e atende a critérios estabelecidos que constam em cadernos técnicos com todas as especificações, distribuídos na região de abrangência da IG.
Para obter a classificação de cacau especial e o consequente valor agregado, os produtores inseridos no território estabelecido pela IP Sul da Bahia precisam cumprir diversos critérios de qualidade, dentre os quais: o cultivo no sistema agroflorestal cabruca¹; teor de umidade máximo de 8%; aroma e aspecto natural da amêndoa livres de odores e de materiais estranhos; fermentação mínima de 65% (amêndoas totalmente marrons); até 15% de amêndoas sub-fermentadas, respeitando percentagem máxima de 3% para mofo interno, inseto, germinadas, achatadas e 1% máxima de ardósia.
Em vistoria às propriedades, os técnicos da ACSB também observam as condições de trabalho, de moradia e de respeito à legislação ambiental. Após aprovação nessa rigorosa avaliação, o cacau pode ostentar o selo da IG e ser comercializado com o preço correspondente à sua qualidade.
A IP Sul da Bahia foi a primeira no país a oficializar um regulamento técnico que destaca a qualidade da amêndoa, não os seus defeitos, conforme é observado na Instrução do Ministério da Agricultura que normatiza os tipos de cacau comercializados no Brasil.
Atualmente a ACSB também indica a realização de testes sensoriais nas amêndoas de cacau por parte dos produtores e compradores, o que garante uma “melhor compra” para quem procura os melhores flavors em seus produtos derivados de cacau.
Para Cristiano Sant’Ana, diretor executivo da IP Sul da Bahia, ao cumprir as exigências para o uso do selo da IG, os produtores tornam a cadeia produtiva mais sustentável, garantindo o retorno financeiro e a preservação ambiental. “Os produtores da IP Sul Bahia se destacam no mercado por sua transparência. Ao abrirem suas propriedades para as vistorias, garantem estarem agindo com respeito à legislação trabalhista - oferecendo condições dignas de trabalho - e cumprindo as leis ambientais”.
A qualidade superior do cacau da IP Sul da Bahia é atestada em quatro análises feitas antes do produto ser lacrado e receber o QR Code de rastreamento de sua origem. “A certificação de origem eleva o nome do Sul da Bahia para todo o território nacional como referência de sustentabilidade e de cacau de alta qualidade para todas as marcas de chocolate e derivados que têm como compromisso garantir o melhor para seus consumidores e a sociedade civil como um todo, na busca de uma cadeia produtiva mais justa”, completa Cristiano.
O valor é agregado às empresas parceiras da IP Sul da Bahia
Atualmente, a ACSB possui 12 empresas de chocolates finos da região e de outros estados do país credenciadas para a comercialização de derivados de cacau fabricados exclusivamente com cacau rastreado produzido no Sul da Bahia. Em 2021, já existe uma demanda prévia mínima de 75 toneladas de cacau com selo da IG.
A Associação Cacau Sul Bahia-IG Cacau é uma federação formada por 16 instituições representativas com um total de 3.460 associados e é atualmente a mais abrangente associação da cadeia do cacau e chocolate no Sul da Bahia.
Fonte | Imagens: Cacau & Chocolate
¹- Cabruca: o sistema sustentável de agricultura tropical cacau-cabruca mantém parte da mata original para o sombreamento natural do cacaueiro, planta sensível à exposição do sol. Esta prática agroecológica evita a erosão do solo (importante para regiões montanhosas, comuns no Sul da Bahia) e preserva o sistema hidrológico.
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